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29 Prematuro

Estou achando que meu antigo Eu morreu prematuro

Morreu antes de se alastrar como um vírus assassino

Morreu antes de conseguir dominar todos os espaços que poderia dentro da minha Alma

Foi morto pelo meu Eu verdadeiro

O Eu gigante encouraçado foi morto pelo Eu criança pelada

Percebi que uma criança em risco de morte pode ser mais forte do que um adulto despreparado

Eu criança assassina

Eu criança forte

Eu criança que não aceitou morrer

Que não aceitou ser destruída, despedaçada, esmigalhada, oprimida, esfacelada, esparramada

Não aceitou e cansou

Si cansou

Criança assassina é Si

Si amadureceu

Si chegou à puberdade da Alma

Passou pelo rito de morte

Passou pelas noites onde foi jogado sozinho e sem armas na floresta escura e desconhecida do destino

Criado na tribo

Treinado em grupo

Em rito, sozinho

Era necessário

Era necessário passar pelo sofrimento

Não para sofrer

Mas para saber que consegue resistir sozinho ao sofrimento

Porque estando sozinho

Si sabe que não está sozinho

Descobre que está protegido

Acolhido

Cuidado

Vigiado

Por ele mesmo

Por sua essência

E descobre que resistirá a tudo

Então, o antigo Eu, que não sabia tomar conta de Si

Morreu

Foi morto

Morto pela criança que ele estuprava e oprimia

Não por vontade própria

Mas por medo

O Eu adulto sabia que a criança era mais forte do que ele

Sabia que se a criança crescesse, Ele morreria!

E ninguém quer morrer

Nem as várias pessoas que são você

Todas elas lutam pela sobrevivência

Mas no fim, apenas a verdadeira pode vencer

A questão é saber QUAL DELAS é a verdadeira

Assim você não correrá o risco de matar a pessoa errada

E então Eu foi morto enquanto sofria

Eu criança embebedou Eu adulto

Eu criança foi mais inteligente

Eu criança precisava crescer e não conseguiria crescer com Eu adulto desfigurado e desestruturado vigiando-a

E assim ela fez

O embriagou

Ao som de música alta e luzes coloridas

Com muito vinho

O suficiente para ele não conseguir se defender

Não conseguir levantar

Não conseguir falar ou se proteger

E na calada da noite

Quando a música cessou

E as luzes se apagaram

Eu adulto pediu água e comida à Criança

A Criança aproximou-se e sorriu

Mas desta vez, com o Eu ali, de quatro, não haveria continuidade na conversa

Não haveria ajuda

E Eu olhou para a Criança e viu que ela não era mais criança

Viu que era um jovem em trapos

Pequeno e fraco, porém forte

E ele não lhe trouxe água e comida, mas sim, lhe trouxe a morte

Com um só golpe, Eu se foi

Sangue escorreu pelo chão e Eu caiu em sua própria poça

Restou Si

Aliviado

Dizendo a si mesmo enquanto tremia

"Respira

Respira fundo

Tá tudo bem

Tá tudo bem

Você estava precisando"

Tirou sua roupa

Enrolou o corpo

Limpou o chão

E jogou tudo fora

Eu já era

Era uma nova Era

Agora é a Era de Si

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