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22 Dê

Olha, não posso me arrepender de nada.

Todo amor que eu poderia dar, eu dei.

Todo carinho que eu poderia dar, eu dei.


Talvez tenha dado demais?

Talvez tenha dado muito

de algo que não fosse necessário,

e não tenha dado

o que se precisava mais.


Talvez eu não tenha sido totalmente eu.


Quer dizer,

com certeza eu não fui totalmente Eu.


Fui muito e pouco, de forma aleatória.

Totalmente inconsistente.

Incoerente.

Não coeso.


Só não posso dizer,

nunca,

que não amei de verdade.


Que não amei com a pureza dos meus olhos

e com a ternura do meu coração.


O que fiz de errado?


Não sei.


Fiz errado?


Não sei.


Acho que não.

Tudo que fiz foi com amor.


Às vezes machucamos quando amamos demais,

e acho que esse foi o problema.


Mas, problema?


Será?


Como amar demais pode ser um problema?


Que ideia estúpida.

Que lógica cretina.


E desde quando o amor tem lógica?

Se tem lógica, tem algo errado.


Acho que achei o problema.

O problema foi ficar procurando pelo problema.

Ou melhor,

pela solução.


Tem coisas que não podem ser corrigidas, alteradas, manipuladas, escondidas, maquiadas e nem nada disso.


Essas coisas que acabei de citar

são aquelas coisas

que não enxergamos.


Que não conhecemos ainda.


Essas... Ah!

Ninguém arruma!


Elas te destroem a Alma a vida inteira

e você nem percebe que estão lá!

São as farpas no coração.

As pedras no sapato.

As unhas encravadas.

Ou pior...

É o não dito.

É a culpa.

É o dito indevidamente.

É a mentira.

Ou é a verdade, às vezes.


Por que somos tão fáceis de se dilacerar?


E tão difíceis de curar?


E depois disso tudo

nem sei mais por que continuo falando.


Acho que o amor é assim.

Você vai, vai, vai...

Sem rumo,

achando que está indo a algum lugar.

Quando percebe,

se perdeu.


Nada ao redor.


E, onde está?


Onde está a pessoa com quem você estava?

Onde está a pessoa que fez você se perder no caminho?

Ela se perdeu?


Ou te despistou?


Agora segue.

Sozinho.

Pronto ou não.

Mas, sozinho.


Ou melhor...

com você mesmo.

Não tem companhia melhor.


Mas, dessa vez,

não se arrependa.


Faça tudo de novo.


Dê e se entregue novamente, sem medo.


Mas, dessa vez, dê tudo...

a você mesmo.


E vai passar.

Vai parar.

Vai sumir.


Para depois

recomeçar.

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