Obrigado por me deixar entrar.
Realmente,
obrigado.
Mas, tipo...
que merda!
Você deixa qualquer um entrar!
Eu achei que era alguém especial para você!
Eu achei que estava fazendo algo que você reconheceria, mas não.
Ou melhor,
talvez você até reconhecesse,
mas não ligou.
Não deu valor!
Mandou se foder!
Me mandou me foder!
Eu te odeio! Demais!
Te odeio por ter me deixado entrar,
como faz com todo mundo,
mesmo sabendo
que eu queria ficar!
Você sempre soube!
Sempre soube que eu não estava aí
só para uma visita.
Fui em busca do seu coração
e você sabia disso!
Tive que deixar o meu na porta de entrada,
como você pediu.
Era uma garantia.
Entrei,
vasculhei,
investiguei.
Busquei seu coração nessa vastidão.
Nesse castelo
INFINITO
que é você!
Me perdi,
passei fome,
frio,
sede.
Sofri.
Me machuquei,
me humilhei.
Busquei
sem saber
se algum dia
acabaria a busca...
E encontrei.
Encontrei um sábio que me disse:
“O coração não está aqui dentro.
Vá embora.”
Fiquei na dúvida.
Eu não queria acreditar nele.
Porque deveria?
Continuei buscando
e me machuquei
e sofri a cada dia
mais.
Novamente o sábio apareceu e me disse:
“Vou lhe explicar melhor.
O coração
AINDA
não está pronto para você.
Vá embora
e volte depois.”
Não tive mais dúvidas.
Achei a saída,
mas meu coração
já tinha morrido
fora do meu corpo.
Estava seco.
Saí daquele lugar.
Saí de você.
Daí nada mais eu tiraria
além
do meu
coração
morto.
...
Também descobri
depois de algum tempo
que o sábio
era
você.
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