Hoje decidi partir.
Meu coração voltou
um pouco
à vida
depois de várias madrugadas
à beira da morte eterna.
Lembra daquele poema? O “Volte Depois” do segundo livro?
Então...
depois que saí de você,
meu coração demorou para aceitar.
Ele estava morto!
Ele não queria voltar à vida sem você.
Ele queria apenas seu toque,
sua voz,
seu amor.
Foi muito difícil ficar com ele assim nesses dias.
Em alguns momentos
eu tive certeza
que ele nunca mais
voltaria à vida.
Foi difícil, viu.
Mas, veja!
Ele sobreviveu.
Eu ia ficar aqui do lado de fora,
esperando.
Afinal você disse para voltar depois.
Era um “Volte Depois”
e não um “Nunca Volte”.
Mas...
não vai dar.
Meu coração ainda está meio mal.
Está meio seco.
Meio fraco.
Meio doente.
Meio intoxicado.
Preciso ir,
ok?
Sei que vai ficar tudo bem com você.
E comigo também.
Meu coração,
com certeza,
vai se curar.
As marcas ficarão para sempre,
mas ele voltará ao normal.
Talvez algum viajante consiga ficar por aí.
Ou talvez algum deles encontre seu coração.
Ou talvez você até dê a um deles...
...
Mas, olha,
eu achei uma coisa
enquanto vasculhava seu castelo.
E eu vou levar comigo.
É uma chave.
Muito bonita.
Muito bem feita.
Deve ser de algo
MUITO
MUITO
precioso.
Algo que eu até acho que sei o que seja.
Algo que talvez você tenha escondido
para não correr o risco de perder.
De novo.
Algo que talvez você tenha escondido
para não quebrarem.
De novo.
Você guardou com essa chave
para não destruírem
o que sobrou.
Sem a chave talvez você consiga abrir essa porta,
mas,
ainda assim,
vou levá-la comigo.
Até meu coração estar recuperado.
E voltarei para ver o que tem dentro da porta.
Só para ver.
Quem sabe
não levo
o que tiver lá dentro?
Quem sabe?
Até logo.