No fim até podemos achar
que jogos ruins e chatos
não serviram para nada,
mas na verdade
eles também nos ajudaram.
Estas pessoas
também nos ajudam
a ver quem somos.
Estas pessoas,
na verdade,
nos mostrarão quais pessoas
NÃO queremos
ter por perto.
Com quem
NÃO gostamos
de estar.
O que
NÃO gostaremos
de fazer.
O que
NÃO podemos
aceitar.
Quem
NÃO queremos
ser.
Claro que não é gostoso.
Não é gostoso um jogo cheio de “nãos”.
Porém, é necessário.
Faz parte da vida.
O melhor jeito
de se aproximar da verdade
é descobrindo
tudo que é mentira.
Talvez
NUNCA
descobriremos as verdades,
mas quanto mais mentiras virmos,
mais próximos estaremos
dessas verdades.
É estranho imaginar
que o caminho para a verdade
é justamente a mentira.
Por isso que estou achando
que o melhor caminho para o “Eu”
é justamente...
“Você”.
Sabendo quem é “Você”,
saberei quem não sou “Eu”.
Ou quem TAMBÉM sou “Eu”.
Entendeu?
E é algo bem confuso
essa questão de
“Eu” em mim e
“Eu” em nós.
E
“Você” em você e
“Você” em nós.
É difícil demais!
É complicado
sermos cada um
sem nos perdermos
no outro.
É complicado
se entregar ao outro
sabendo que,
para isso, temos que
deixar de nos entregar
um pouco
para nós mesmos.
Mas no fim,
se já aprendemos o que os outros poemas diziam,
tanto faz se entregar
ou não
ao outro.
A questão é entender quem é o outro para nós.
É entender
o que o outro
FAZ
de nós.
O outro
nos transforma?
O outro
nos melhora?
O outro
nos expande?
Vamos
mais rápido
no contato com o outro.
Crescemos mais rápido
no contato com o outro.
O outro
é tão importante
para nós
quanto somos para
nós mesmos!
Na verdade
o grande segredo
é sempre
USAR o outro
o máximo possível!
Temos que
nos aproveitar do outro
o tanto que ele
pode se aproveitar de nós.
É um grande jogo de “aproveitação”.
A questão é
saber escolher
de quem você
se aproveitará
para que, no fim do processo,
você seja
muito melhor
do que era antes de começar.
Mas sabe qual o problema disso?
O problema é que
para escolher o jogo,
você precisa saber
o que quer jogar.
E geralmente
quase ninguém sabe.
Acabamos querendo apenas jogar
e pegamos um jogo qualquer.
E nem sempre o jogo é divertido.
E quantos seres humanos
não existem em nós?
Quantos desejos
não nos norteiam?
Quantos humanos
não nos guiam?
Quantos seres
não nos compõem?
Quantos “Eu”
incompletos
não completam
nosso “EU”?
Quantos pedaços de “Eu”
não fazem parte
do grande “EU”?
Quantos fragmentos
não fazem parte
do nosso todo?
Quantos “todos”
não fazem parte
de “nós”?
“Todos” tão fragmentados
quanto nossos “Eus”!
Quanto mais tivermos, melhor, não?
Quanto mais tivermos em nós, melhor.
Mais completos seremos.
Menos incompletos seremos.
Mais “Eu” você será.
Mais “Nós” poderemos ser.
Mais “Nós” seremos.
Mais “Eu”
em “Nós”
poderá existir.
Mais “Eu”
sem “Nós”
poderá persistir.