Porquê,
no fim das contas,
queremos tanto
ser independentes,
se queremos
SEMPRE
estar com o outro?
Porque criamos
nossos planos
com nós mesmos
se queremos
estar acompanhados?
É incrível
a quantidade de anos em
que criei meus planos
só comigo mesmo quando,
na verdade,
queria estar acompanhado.
É uma necessidade termos nossos planos, óbvio...
Mas também
não é uma necessidade
termos planos com alguém?
Com algum outro ser vivo
que ache nossos planos...
normais?
Comuns?
Plausíveis?
Factíveis?
Racionais?
Realizáveis?
Aceitáveis?
Afinal...
que...
acredite em nós?
Que
acredite
em
“mim”?
Quem somos nós
se fazemos isso
com nossos
próprios corações?
Quão cruéis
somos com o mundo
e conosco
se matamos
o fértil?
Porque faríamos isso
com nós mesmos?
...
É incrível como somos suicidas.
Estamos nós, humanos,
sempre tentando encontrar
o amor.
O amor gêmeo.
O amor máximo.
O amor
que nos faz sentir-nos
VIVOS...
mesmo estando
MORTOS
em nós mesmos.
Zumbis
buscando a vida
em corpos mortos.
O que encontraremos?
Encontraremos algo?
O que buscamos?
Onde está a vida
se não está
em nós mesmos?
Onde estamos nós,
senão em nós mesmos?
Onde estamos
nós em nós mesmos?
Porque não encontramos?
Porque precisamos
buscar nos outros
o que não achamos
em nós?
Não deveria
estar
em
nós?
São tantas as possibilidades!
Mesmo que tenhamos
que chorar pelas perdas
do que fertilizou o solo do coração,
não podemos
deixar de sorrir
pelas possibilidades
que surgiram.
Não aproveitar
ao máximo
o potencial do coração fertilizado
é uma desavença
ao que propiciou
tal condição!
Mesmo com a dor,
é obrigatório
semear o coração!
Semear o amor.
Semear o amor do coração.
Solo fértil
diretamente exposto ao sol
simplesmente morre!
Simplesmente perece
e se transforma em deserto.
Deserto
que nunca mais
trará frutos ao mundo.
É isso que queremos?
É isso que faremos
com nossos corações férteis
e não semeados?
Deixaremos que
as possibilidades
simplesmente se transforme em...
desertos?
É isso que queremos?
Matar tudo?
Deixar morrer?
Matar
a possibilidade
da vida?